"DEMOCRACIA É A ARTE DE ADMINISTRAR OS CONTRÁRIOS E DE CONVIVER, RESPEITOSAMENTE, COM AS DIFERENÇAS". Luiz Carlos Nemetz.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O PAIS DAS GAMBIARRAS - TRAGEDIA EM SANTA MARIA

Gambiarra (Subst. Fem.) No Brasil, o significado predominante seria "improvisação". Em Portugal, o significado predominante seria "extensão de luz". Entre outros significados, destacam-se "ramificação de luzes" (Ferreira, 1999), "ligação fraudulenta; gato" (Houaiss, 2001), "relação extraconjugal" (Navarro, 2004). O termo "gambiarra" costuma ser usado também como adjetivo, significando "precário", "feio", "tosco", "mal acabado". Inflexões modernas da palavra (gírias), no sentido de improvisação: Gambis; Gambi; Gambota.
Estávamos saindo para um tempo de férias com filho, nora e netos, quando fomos surprendidos com a terrível notícia da tragédia na boate KISS em Santa Maria.
 
Aflitos, primeira coisa,  procuramos saber notícias de nossos jovens, queridos, que por lá moram ou estudam.
 
Depois de saber que todos estavam bem, rezarmos  pelas vitimas e suas famílias, seguimos viagem rumo a Torres, perplexos com o ocorrido.
 
Jovens, curtindo a vida, numa boa, como eles mesmos dizem, são mortos devido a um incêndio ocorrido pelo mau uso de um sinalizador num lugar fechado e em condições precárias de segurança.
 
Boates com uma única entrada, sem saídas de emergencia, super lotação.
 
Quantas estão nesta situação, por este Brasil afora, sem vistorias, com documentação e licenças irregulares, e a fiscalização fazendo vista grossa.
 
Creio que deveria ser assim:  SÓ ABRE DEPOIS DE REGULARIZADO.
 
Mas a arrecadação, o ganhar dinheiro, a ganância, fala mais alto.
 
ATÉ  QUANDO?
 
Atitudes, proibições são prometidas enquanto dura nossa indignação, depois cai tudo no esquecimento  e nada acontece.

Nenhuma atitude é tomada, ninguém é responsabilizado devidamente, só permanece a dor dos familiares e a vida continua até a próxima tragédia.

 
VEJAM O QUE EU RECEBI COM RELAÇÃO AO ASSUNTO:

 
"À procura dos culpados no país das gambiarras (Clovis Horst Lindner - Joinville - SC)

Aconteceu de novo. Todo o país está chocado. O surreal cenário do piso de um ginásio de esportes com mais de 230 corpos estendidos é o resumo de uma ópera bufa. As vítimas são todas “jovens, jovens, jovens”. O motivo de mais um luto nacional é outra vez o mesmo: uma sucessão de gambiarras.

Elas estavam lá em 2006, na queda do avião zerinho da Gol que se chocou com um Legacy e matou 154 pessoas. Estavam lá em 2007, no acidente da TAM que vitimou 199 pessoas. Elas também estavam a bordo do voo da Air France, que matou 228 pessoas em 2009. Depois de apontar “culpados”, novas gambiarras tentam contornar o quadro caótico da aviação civil brasileira. A ocorrência de novas tragédias não é uma questão de “se”, mas de “quando”, pois são de fácil previsão.

A sucessão de exemplos de gambiarras facilmente preencheria esta e muitas outras páginas. Elas são massivamente utilizadas em bares, restaurantes, shoppings, supermercados, quadras esportivas, estádios de futebol, casas noturnas, teatros, cinemas e outros.

Em aeroportos, aeronaves, portos, navios e barcos, caminhões, trens, carros, motos e bicicletas elas estão lá, como uma praga definitiva. Marcam presença em nossas rodovias e estradas, na segurança do trânsito, nas calçadas cheias de armadilhas, na fiação ao longo de toda sorte de redes de eletricidade e de comunicação.

Elas estão em nossos prédios, casas, móveis e utensílios domésticos; em nossas roupas e calçados. Para resumir numa frase, uns fingem que cumprem as leis e outros fingem que fiscalizam. Os tristes resultados de toda essa absurda irresponsabilidade social epidêmica do país do “jeitinho” manifestam-se a cada nova tragédia.

Depois, começa o infindável empurra-empurra em busca de culpados. Sucedem-se as promessas de punição rigorosa e mudanças nas leis e na fiscalização. Mas o tempo desmente todas as nossas promessas, até que ocorra o próximo drama.

No caso de Santa Maria, não se trata de defender a banda que utilizou o sinalizador ou o dono da boate; a ausência de saídas de emergência ou os seguranças que impediram os jovens de sair sem pagar. A culpa é deles, mas também dos bombeiros e da prefeitura que não fiscalizaram com o rigor necessário.

Mas há um aspecto de culpa coletiva em tudo isso. Ele pode estar na sociedade que obriga os jovens a ir a uma verdadeira arapuca isolada acusticamente com material altamente inflamável para que a música não incomode quem não está na festa. E elas existem às milhares em quase todas as cidades brasileiras, todas com o mesmo isolamento acústico que asfixiou os jovens corpos que forraram o chão do ginásio de esportes em Santa Maria.

A principal culpa coletiva é o “jeitinho” que tanto nos caracteriza. Em vez de procurar um bode expiatório para assumir a culpa, está mais que na hora de mudar o nosso teimoso comportamento de resolver tudo à base de gambiarras."

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